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segunda-feira, 3 de maio de 2010

48 - Violado

Estou hoje violado,
E não falo de música,
É de um ato consumado,
Que a todos fustiga.

Tantas brigas já se foram,
Ao redor deste conceito,
Deste jeito que me tratam,
Só por aparentar ter jeito.

Não sei como agüento esta vida,
Este preconceito tão danado,
Isto é uma verdadeira sina,
Querem me tornar amaldiçoado.

Não se apercebem, os demais,
Que a genética me tornou assim,
Não adiantam preconceitos tais,
Os mesmos não irão a isto pôr fim.

Porque não aceitam de uma vez,
Que eu tinha mesmo de vir assim,
Ser este meio termo desta vez,
Este vivente andrógino, enfim.

Ter, por natureza, as duas partes,
Não é maldição, é benção,
Pois assim entendo melhor as duas metades,
Sou tanto a Eva quanto o Adão.

Não vejo mal algum em ser isto,
Que muitos errôneamente nominam,
Me tornando indíviduo malquisto,
Por eu ser assim, não se agradam.

Se fazem de valentes, machões,
Porém não percebem o mal que fazem,
À esta sociedade já cheia de valentões.
Quantos preconceituados já não jazem?

Julgam como adesão a uma classe social,
Diferente da deles, a quem tenha esta sina,
Ninguém escolhe nascer sofrendo deste mal,
O que nos torna assim é esta dona, a genética.

E nós, andróginos, é que somos os culpados,
Por ter membro inferior masculinizado,
Em corpos musculares destarte afeminados?
Não temos culpa, é somenos o nosso enfado.

Porque não podem aceitar a idéia,
De que nós vivemos este meio têrmo,
Sou tanto um cavalo quanto uma égua,
Minha genética faz-me ser deste meio.

Não sou obrigado a curtir estupros,
Só por ter assim nascido, crescido,
Eu tenho à-cá os meus escrúpulos,
Sou ente desta vida bem vivido.

Não sou o que pensam a meu respeito,
Esta dor muito me enoja e magoa,
Ser condenado só por ter trejeito,
Este mesmo que sempre desponta.

Namoro sempre com mulheres, gosto delas,
Não tenho obrigação de namorar com homens,
Só por pentencer às duas metades humanas,
Mas mesmo assim chegam sempre estes vis.

Vis a me preconceituar, não me aceitam como sou.
Que culpa tenho de ser homem e mulher ao mesmo tempo?
Cheio de ódio, rancor, mágoa, é como estou,
Deste ser humano que é hipócrita a todo momento.

Ter cabeça masculina, usar cabelo curto,
Mas uma bunda feminina, faz a meu corpo,
Uma singular companhia, sou tanto um como outro,
Vivente a viver duas almas em um só corpo.

Por favor, entendam uma coisa:
Serei assim até a eternidade,
Com genes desta singular feita,
Este problema não escolhe idade.

Não quero mais passar por este preconceito,
Tão danado, vil, amaldiçoado e esculhambado,
Não sou promíscuo pra gostar deste preceito,
Muito menos gosto de ser por vós esculachado.

Por que não vão caçoar de quem têm em casa,
A mãe de cada um, por exemplo,
Garanto que esta ficaria enfezada,
Não iria gostar deste preconceito.

Enfiem este maldito estupro no próprio rabo,
Do mesmo, não preciso neste caro momento,
Não gosto nada deste conto real enfabulado,
Pra mim, este é um notório sórdido tormento.

Sim, sou andrógino, pansexual e pangênero,
Porém, não suporto esta infantil delinqüência,
De quem age com este vil e tolo preconceito,
Não me dá nem vontade, por vós, de ter clemência.

Porém peço clemência mesmo assim,
Quem sabe com clemência vós aprendeis,
A ter respeito ao próximo, enfim,
A não ter esta soberba outra vez?

4 comentários:

  1. Esta poesia é mei comprida e ainda não está totalmente redigida, vai levar uns dias para que seja postada integralmente; então peço paciência, por gentileza!

    Amplexos sinfônicos!

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  2. *Meio - esqueci a letra "o", sai escrito "mei" ao invés de "meio". Porém, corrigi meu próprio comentário e peço desculpas pelo erro crasso.

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  3. *Saiu - uta!, que estou comendo muitas letras hoje, já almocei mas devo estar com muita fome ainda ...
    (Risos)

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  4. Agora sim esta poesia está concluída. Amanhã começarei a trabalhar na publicação da 49 (comprida também, talvez leve uma semana inteira para publicá-la).

    Amplexos sinfônicos!

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